Franquias brasileiras seguem fazendo muito sucesso, tanto no Brasil como no Exterior! Trata-se de um segmento atraente e promissor, que oferece alternativas de excelentes negócios para quer montar um negócio de origem brasileira em outros países.
O Brasil ficou posicionado há alguns anos em quarto lugar em número de redes de franchising, sendo superado pelos EUA e ficando também atrás da China (onde os conceitos de licenciamento e de franquia se misturam e toda marca proveniente do exterior é chamada de franquia) e da Coréia do Sul (país com grande número de microfranquias, onde cada pessoa que trabalha numa franquia é considerada um microfranqueado, fato que falseia as estatísticas comparativas).
Na prática, somos os vice-líderes em número de redes! Muito atrás, é claro, dos EUA, onde em 2021 somente nos Estados da California e no Texas havia 159.578 unidades franqueadas, empregando 1,6 milhões de pessoas, mais do que em todo o Brasil! Em faturamento, em moeda forte, perdemos para diversos países, caso da França, que com 1927 redes em 2020 (28% a menos do que no Brasil), gerou um faturamento em Euros de 63,88 bilhões, 2,7 vezes superior ao do mercado brasileiro. Há muito menos redes de franchising no mundo do que muita gente imagina. Estima-se que existem cerca de 36 mil redes de franquia em operação no mundo. Segundo a IFA, há franquias em operação em 65 diferentes setores da economia.
Além de representar um dos maiores mercados mundiais, tanto em termos de número de franqueadores como de franqueados, o Brasil é hoje um exportador de franquias. Dentre as 2918 redes de franquia em operação no Brasil em 2019, a ABF recenseou 5,6% do total, ou 163 redes genuinamente brasileiras, com unidades no exterior naquele ano. Estas franqueadoras de origem brasileira com operações no exterior exportavam seus conceitos de negócio para 107 países. Nada mal, considerando que no ano 2000 somente 15 franqueadoras brasileiras possuíam unidades no exterior! Mas pouco diante do potencial do mercado global.
O faturamento consolidado das 2668 redes de franquias brasileiras recenseadas pela ABF atingiu em 2020 a cifra de R$ 167,2 bilhões, montante equivalente a 2,26% do PIB (nos EUA o faturamento consolidado das franquias equivalem a 3% do PIB). Ao contrário do que acontece em quase todos os países, a grande maioria das redes de franquia em operação no Brasil, ou 92% das redes, são de origem local. O Brasil possui know-how e expertise em franchising para vender e exportar, e tende a somente trazer do exterior marcas consagradas! Como temos um grande mercado interno e pouca mão de obra qualificada com experiência internacional, vários fatores estruturais dificultam a exportação e importação de redes de franchising. E ainda tivemos as restrições da pandemia do Coronavirus desde 2020, o que vem dificultando as viagens internacionais.
É preciso estar muito preparado para se submeter às variações de câmbio, riscos políticos, tributários e demais variáveis não controláveis que caracterizam os mercados internacionais. “Cultura come a estratégia no café da manhã”, como nos lembra Peter Drucker. Os países mais difíceis para fazer negócios internacionais são aqueles com culturas muito particulares e que requerem quase sempre ajustes no produto e na comunicação, caso do Japão, Índia, Israel… e o Brasil! Definitivamente, exportar negócios num mundo globalizado e a cada dia mais competitivo não é uma empreitada para amadores!
Seguem os 10 países mais atraentes para franquias norte-americanas em 2019 na visão da Universidade de New Hampshire (e o Brasil não está no topo da lista, ocupa a posição 59 no ranking):
1. Alemanha
2. Reino Unido
3. Canadá
4. Polônia
5. França
6. Austrália
7. Espanha
8. Irlanda
9. Suécia
10. Coréia do Sul
Para a lista completa de 131 países avaliados, acesse
https://www.unh.edu/rosenbergcenter/international-franchise-attractiveness-index%E2%84%A2
Por outro lado, o câmbio favorável à exportação e demandas pontuais tem levado muitas redes a se aventurarem e tentarem a sorte no mercado global, buscando seguir os passos das dezenas de boas marcas que temos já consolidadas no exterior. Vender negócios e não somente produtos no exterior representa uma agregação de valor e um passo estratégico da maior importância. Os marketplaces e as ferramentas de e-commerce tornaram produtos de qualquer origem acessíveis a um clique.
Despontam a partir de 2020 mercados não tradicionais para franquias brasileiras como o MENA/Mundo Árabe, onde Egito, Marrocos e Arábia Saudita dispõem de legislação específica sobre franchising. Nos Emirados Árabes, teremos por 6 meses, contados a partir de outubro de 2021, a Expo Dubai, principal evento fomentador de negócios na pós-pandemia.
Este movimento além fronteiras foi iniciado por consultorias internacionais como a nossa nos anos 80 e 90 e por franqueadores que visitaram eventos especializados no exterior e iniciaram atendendo a demandas pontuais; isto tudo envolveu um longo processo e não ocorreu por acaso! Ultimamente, este processo de internacionalização de redes de franchising tem sido incentivado por meio de ações que envolvem a Associação Brasileira de Franchising (ABF) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), por meio do programa Franchising Brasil. O SEBRAE é outra entidade que se juntou ao esforço de promover as franquias brasileiras no exterior. Toda iniciativa estruturada neste sentido deve ser apoiada por redes que precisam superar suas barreiras ao crescimento e desenvolvimento.
Saiba mais sobre o Programa Franchising Brasil, que conta com o apoio da APEX e da ABF www.abf.com.br/franchisingbrasil
Saiba mais sobre como comprar e vender franquias brasileiras no exterior acessando o Guia de Orientação à Internacionalização de Franquias, material redigido por mim e publicado no portal do SEBRAE, pelo link
www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/Guia-de-orientação-àinternacionalização-
de-franquias
Daniel Alberto Bernard, 55, diretor-geral da NetplaN Consultoria, é autor de diversas obras sobre franchising e marketing internacional e atende desde 1989 a mais de 380 redes, sendo 60 internacionais. Especial para a ABF Educação