CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO GLOBAL PASSAM POR AÇÕES GOVERNAMENTAIS, EMPREENDEDORISMO E FRANCHISING

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A pobreza ainda é um problema grave e estrutural em muitas partes do mundo e acabar com ela é um dos objetivos chave de sustentabilidade propostos pela Organização das Nações Unidas.

Em 2012, a ONU instituiu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para superar os maiores desafios do nosso tempo, cuidar do planeta e melhorar a vida de todos. O primeiro destes objetivos é a erradicação da pobreza!

As fórmulas tradicionais até então utilizadas no combate à fome e à pobreza extrema, sobretudo na América Latina, por meio de políticas públicas de redistribuição forçada de renda, já demonstram não ser a melhor solução, conforme indicam estudos recentes do Banco Mundial.

1)  Políticas assistencialistas

No Brasil, Bolsa-Escola e Bolsa-Família cumprem uma função de fundamental importância no sustento das famílias mais pobres, sendo muitas vezes a principal ou até mesmo a única fonte de renda de uma parcela significativa da população, com grande concentração na Região Nordeste. A origem pública dos recursos, cedidos a fundo perdido, asseguram uma renda mínima à população mais carente. No entanto, esta política assistencialista cria uma geração de pessoas dependentes destes recursos para o resto da vida, sem perspectivas de autonomia, portanto acaba por perpetuar a pobreza.

2)  Microcrédito

Num patamar acima do Bolsa-Escola e do Bolsa-Família, o sistema de Microcrédito Produtivo Orientado implementado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e batizado com o nome de Crediamigo, é a maior iniciativa do gênero na América do Sul e a segunda maior da América Latina, logo atrás de iniciativa semelhante no México. Estruturado com o apoio da NetplaN Consultoria a partir de 2009, já gerou mais de 48,5 milhões de operações, liberando mais de R$ 90 bilhões desde seu lançamento, beneficiando mais de 15 milhões de pessoas*. Este programa gera emprego e renda e tem o diferencial do recurso emprestado retornar à instituição financeira, que desta maneira consegue reemprestar e fazer a roda girar, tornando o programa autofinanciável, inclusivo e sustentável a longo prazo.

* Ver www.bnb.gov.br/crediamigo/resultados

3) Empreender por microfranquia

No mundo pós-pandemia, quando se discute caminhos para a retomada do crescimento e desenvolvimento econômico e social, empreender surge como umas das estratégias mais viáveis e atraentes para tirar em definitivo as pessoas da pobreza e gerar emprego e renda.

Empreender, contudo, não é tarefa fácil, sobretudo num país como o Brasil, onde a burocracia impera, a regra é a ausência de regras e tudo muda a todo instante. Uma saída para enfrentar este cenário desafiador é o modelo empresarial do franchising, que tem entre suas opções a microfranquia, um formato que requer baixo investimento e conta com a possibilidade de financiamento para a sua aquisição pela classe média emergente.

Trata-se de franquias de até R$ 105 mil, incluído neste montante o capital para a instalação, taxa de franquia e capital de giro. Este montante de capital máximo, propalado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), segue os parâmetros instituídos pelo Banco Mundial/ Banco Interamericano de Desenvolvimento/ FOMIN, e equivale a 3 vezes o PIB per capita.

De maneira geral, estas microfranquias estão situadas no segmento de serviços e muitas vezes não necessitam de ponto comercial. Negócios online e que operam home base ou em quiosques também costumam se enquadrar neste modelo, que requer crescimento geográfico concêntrico para viabilizar a supervisão e controle presencial quando necessário. O próprio franqueado costuma ser o principal operador, requerendo poucos ou até mesmo nenhum funcionário.

E muitas franquias e microfranquias atendem a demandas sociais por meio de soluções tecnológicas, como acesso a água potável por meio de exploração de poços artesianos, venda e conserto de aparelhos celulares, delivery de orgânicos, venda e instalação de painéis solares e de estações de recarga de veículos elétricos. Algumas destas inovações tecnológicas, como telemetria, sensoriamento remoto, exploração do subsolo, hidroponia, painéis fotovoltaicos, baterias de lítio, fisioterapia no espaço, etc. foram criadas ou aprimoradas pela NASA e chegaram à população por meio de microfranquias!

Kirk Magleby (USA), Jason Fairbourne (Kenya), Muhammad Yunus (Bangladesh) e o autor que vos escreve fizeram parte da equipe do BID para fomentar microfranquias no mundo. Acreditamos que este modelo pode contribuir de modo significativo com a redução ou até mesmo a irradicação da pobreza no mundo (aliás, este tema foi abordado numa obra de referência de Magleby).

Franqueadores historicamente não se preocupavam em estruturar negócios de menor valor de investimento inicial. A importância desta mudança de paradigma se justifica pela democratização e maior facilidade de acesso a este modelo de negócios para oriundos de classes sociais de menor renda e poupança. O investimento inicial médio, segundo a ABF, varia entre R$ 44 mil e R$ 54 mil e demandam em média de 12 a 18 meses para obter retorno sobre o investimento.

De acordo com dados do Comitê de Microfranquias desta entidade, em 2012 havia 368 redes que operavam no formato de microfranquia; em 2020, este número atingiu 562, o que representa um aumento de 52% em oito anos. Dentre estas redes, um total de 63% operava apenas neste formato de baixo investimento. Esses números não são apenas representativos, mas ilustram como é possível promover o desenvolvimento econômico e social através de modelos comerciais que podem ser replicados por pessoas na base da pirâmide socioeconômica, desencadeando oportunidades para aqueles que não dispõem das habilidades empresariais necessárias para atingir autossuficiência econômica através da disponibilidade de negócios bem sucedidos.

4)  Combate ao desemprego e franquias

Formatar e oferecer ao mercado microfranquias ou franquias de maior porte com acesso a financiamento externo é o caminho encontrado pelas franqueadoras brasileiras para se manter ativas em 2020 e 2021 e promover uma grande retomada a partir de 2022.

Somente no Brasil de 2021 estima-se que haja uma legião de mais de 14 milhões de pessoas desempregadas, o que não inclui os desalentados, aqueles que desistiram de procurar emprego e vivem de bicos e atividades informais.

O sistema de franchising, com sua solidez e segurança em oferecer processos gerenciais testados e de eficiência comprovada, mitiga riscos e passa a ser opção viável para quem deseja empreender, proporcionando benefícios econômicos e sociais.

Estima-se que em 2019 cerca de 600 mil pessoas buscavam ativamente investir numa franquia, dentre os quais 400 mil pessoas buscavam uma microfranquia. Durante a pandemia, este contingente aumentou, pois muita gente passou a buscar um complemento de renda ou uma nova atividade, sobretudo negócios cuja demanda se manteve ou aumentou na pandemia.

Segundo estimativas da ABF, mais de 1,3 milhão de brasileiros trabalha com franchising em 2021. O segmento de franquias tem peso no PIB, no Varejo e nos indicadores macroeconômicos e sociais brasileiros, a legislação do setor é moderna e foi atualizada em 2020, e este sucesso pode ser inclusive exportado e replicado em outros países.

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