O Conselheiro é um agente importante para apoiar a empresa na definição, implantação e vivência de uma cultura com propósito.
Podemos definir a cultura organizacional como a combinação de comportamentos, atitudes, missão, visão, valores e expectativas que guiam uma organização no seu dia a dia, o que promove o alinhamento do comportamento dos colaboradores ao comportamento esperado pela empresa.
A cultura organizacional determina o “jeitão” como a empresa funciona e influencia no clima organizacional diretamente, pois estabelece os valores que serão empregados no cotidiano da empresa. Dessa forma, tanto a cultura como o clima organizacional são pontos fundamentais para aumentar a satisfação dos colaboradores, que é um dos requisitos para assegurar e preservar o sucesso da empresa.
A Cultura está fortemente baseada nos valores da organização, razão pela qual ela se sobrepõe à própria estratégia da empresa. Não há planejamento estratégico possível de modo desalinhado à cultura de uma organização, que representa aquilo que a organização possui de mais arraigado.
Confiança e respeito mútuos são componentes essenciais de uma cultura organizacional saudável. Segundo Ichak Adizes, um dos maiores especialistas vivos em liderança, organizações que valorizam e priorizam inovação e criatividade, trabalho em equipe e cooperação, são aquelas que tendem a atrair e reter os melhores talentos.
Confiança e respeito mútuos proporcionam inúmeros benefícios nas organizações, como a criação de uma cultura favorável ao aprendizado contínuo. Quando os funcionários sentem que suas contribuições são valorizadas e respeitadas, é provável que compartilhem seus conhecimentos, percepções e ideias com seus colegas. Esse ambiente interno de incentivo à troca de ideias e informações é essencial para a inovação, pois permite a criação de novos produtos, serviços e processos que podem ajudar a organização a se manter competitiva e crescer.
Sem respeito mútuo, no entanto, é menos provável que os funcionários compartilhem suas ideias, pois podem temer serem demitidos ou ridicularizados. Essa falta de compartilhamento pode levar a uma cultura estagnada, onde as ideias não são questionadas nem desafiadas, de modo que o processo de inovação é prejudicado.
Além disso, o respeito mútuo é essencial para a criação de um ambiente favorável onde a criatividade possa prosperar. Indivíduos criativos geralmente pensam fora da caixa e desafiam o pensamento convencional, o que pode parecer um tanto intimidador para algumas pessoas. Por outro lado, quando se estabelece uma cultura de respeito mútuo numa organização amadurecida, os colaboradores se sentem seguros para arriscar mais e pensar de modo criativo, sabendo que suas ideias serão consideradas e valorizadas.
Por outro lado, quando os funcionários se sentem desrespeitados ou desvalorizados, podem ficar desencorajados e desengajados, levando à falta de inovação e criatividade. Nesse ambiente, os funcionários podem sentir que suas ideias não são valorizadas, levando a uma cultura de complacência, na qual o objetivo se concentra na preservação do status quo é mantido, e o processo de inovação é sufocado.
Além disso, a confiança mútua é essencial para promover o trabalho em equipe e a cooperação. Em muitos casos, a inovação requer um esforço de equipe, onde indivíduos com habilidades distintas e complementares se reúnem para resolver problemas complexos. No entanto, sem confiança, os indivíduos podem hesitar em colaborar, temendo que suas ideias sejam roubadas ou que suas contribuições não sejam reconhecidas.
Essa falta de confiança pode levar a uma falha na comunicação e na colaboração, afetando o sucesso do esforço de inovação. Por outro lado, quando a confiança é estabelecida, os funcionários e demais integrantes da equipe tendem a ficam mais dispostos a compartilhar suas ideias e colaborar no trabalho em equipe.
Por fim, confiança e respeito mútuos são essenciais para atrair e reter talentos. Num mercado de trabalho mais competitivo a cada dia, as organizações que priorizam esses valores têm maior probabilidade de atrair e reter os melhores talentos. Ora, indivíduos criativos e inovadores desejam trabalhar em um ambiente onde suas contribuições sejam valorizadas e suas ideias sejam consideradas.
As organizações que priorizam a confiança e o respeito mútuos têm maior probabilidade de criar um ambiente onde os indivíduos se sintam motivados e engajados, levando a uma maior satisfação no trabalho e menores taxas de rotatividade. Isso, por sua vez, leva a uma força de trabalho mais estável, onde o conhecimento e a experiência são retidos, promovendo a inovação e o crescimento individual e coletivo. É o que caracteriza as empresas chanceladas com o selo de GPTW (Great Place To Work).
Concluindo, ao priorizar confiança e respeito mútuos, as organizações podem atrair e reter os melhores talentos e promover a inovação de modo coletivo e saudável. Entidades de Classe também tendem a promover a cooperação mútua entre seus associados, o que pode e deve ocorrer, reconhecendo que há informações que podem e devem ser compartilhadas, porém outras não. A Associação Brasileira de Franchising (ABF) tem se destacado neste processo, do momento que seu ex-presidente André Friedheim propôs o conceito de “coopetição”, ou seja, cooperação entre concorrentes, por exemplo na discussão de diretrizes setoriais. O cuidado consiste em saber separar o que pode e deve ser compartilhado, preservando informações confidenciais.
Na prática, ainda que ocorra de modo recorrente, o processo de gestão de mudanças é bastante complexo, pois as equipes de maneira geral não estão preparadas para novidades bruscas e devem passar por sessões de coaching para o desenvolvimento do capital humano de uma organização.
A visão estratégica é fundamental na recomendação ou não da adoção de estratégias inovadoras. Conselheiros de gestão podem mapear resistências, monitorar o processo e apoiar lideranças, a partir de um olhar externo, o que confere certa isenção, e decisões colegiadas podem ser altamente desejáveis em cenários turbulentos e de incerteza.